08 agosto 2006

Álvares de Azevedo me acompanhou durante toda a adolescência

Há muitos anos em minha vida sofro com um mal chamado depressão, durante muito tempo não consegui diagnosticar um motivo, uma razão concreta que servisse de explicação para desencadear as crises que tenho, as vezes curtas, as vezes longas... o certo é que ocorre que nunca sei antecipadamente quando vou entrar em depressão, assim como não sei quando irei sair de uma dessas crises, apenas sucede sem que eu tenha controle sobre os acontecimentos desse sentimento triste.

Atualmente comecei sozinha a analisar minha personalidade, meus atos, meus gostos, meus hábitos, e me encontrei dentro de uma cultura gótica, não o extremismo que muitas pessoas imaginam, com pessoas vestidas de vampiro, trocando o dia pela noite e sem o convívio junto a sociedade. Mas uma cultura de arte, que aprecia a literatura e a música relacionadas ao gótico.

Vejo em mim uma pessoa muito calma, só que muito forte, apesar de tudo. Sempre gostei de me vestir com roupas pretas por ser básico e combinar com qualquer ocasião, e na verdade combina mesmo comigo, com meu estilo, e modo de ser.


Sempre preferindo as noites, o obscuro, o romântico, o misterioso, o indecifrável, essas verdades dogmáticas impenetráveis à razão humana, me tornei uma mulher um tanto quanto enigmática aos olhos de quem apenas olha pra mim, para o meu exterior, sem me ver de verdade por dentro (algo que aliás, não é permitido a todos).

Nas minhas pesquisas sobre esse mundo incompreensível que me cerca, encontrei mais uma vez meu autor predileto da adolescência, dessa vez referenciado como gótico, ou, fazendo parte da arte gótica, e isso fez muito sentido quando liguei os pontos das minhas preferências com essa cultura lúgubre.

Então, isso é apenas um pouquinho de mim, e aqui está o poeta ultra-romântico que acompanhou minha adolescência "gótica".

Para vocês, um pouquinho dele.



ÁLVARES DE AZEVEDO

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!


Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!



Sinopse

Manuel Antônio Álvares de Azevedo.
São Paulo - SP, 1831 - 1852.
Obras Principais: Obras I (Lira dos Vinte Anos), 1853;
Obras II (Pedro Ivo, Macário, A Noite na Taverna, etc), 1855

Nascido a 12 de setembro de 1831 em São Paulo, onde seu pai estudava, transferiu-se cedo para o Rio de Janeiro. Sensível e adoentado, estuda, sempre com brilho, nos Colégios Stoll e Dom Pedro II, onde é aluno de Gonçalves de Magalhães, introdutor do Romantismo no Brasil. Aos 16 anos, ávido leitor de poesia, muda-se para São Paulo para cursar a Faculdade de Direito. Torna-se amigo íntimo de Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, também poetas e célebres boêmios, prováveis membros da Sociedade Epicuréia. Sua participação nessa sociedade secreta, que promovia orgias famosas, tanto pela devassidão escandalosa, quanto por seus aspectos mórbidos e satânicos, é negada por seus biógrafos mais respeitáveis. Mas a lenda em muito contribuiu para que se difundisse a sua imagem de "Byron brasileiro". Sofrendo de tuberculose, conclui o quarto ano de seu curso de Direito e vai passar as férias no Rio de Janeiro. No entanto, ao passear a cavalo pelas ruas do Rio, sofre uma queda, que traz à tona um tumor na fossa ilíaca. Sofrendo dores terríveis, é operado - sem anestesia, atestam seus familiares - e, após 46 dias de padecimento, vem a falecer no Domingo de Páscoa, 25 de abril de 1852.




http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/literatura_gotica.htm

06 agosto 2006

Quem sou eu


Para quem ainda não me conhece
Essa sou eu
Sara Barreto